sexta-feira, 22 de outubro de 2010

"estado social"?! (a propósito dos cortes de "abonos de família")

Possivelmente, famílias vão sentir falta do dinheiro do abono; ou talvez não, porque os montantes mensais não são significativos. Dependerá. Por outro lado, o corte evidencia o desmantelamento da generalização do já gasto  "estado providência", cujos tentáculos invadiram todos os sectores sociais. Agora, chamar-lhe  "estado social" ecoa a “estado autoritário”. No mínimo, reflecte o paternalismo de uma classe política para a qual o exercício do poder reduz-se à distribuição de benesses (por mais magras que sejam) e não em  criar melhores condições de segurança, justiça, bem-estar e progresso socio-económico para a população em geral. Indubitavelmente, o Estado tem que ter uma componente social relevante apoiando pessoas ou regiões desfavorecidas. Todavia, nunca se deveria  alimentar a “subsídio-dependência”, à maneira da distribuição do "pão e circo" na Roma antiga para contentar as "massas", tentando perpetuar-se no poder. Claro está, quando a continuidade da existência do actual modelo asfixiante parece evidente, o PS no Governo pretende reforçá-lo na Constituição...quem paga? Provavelmente, a  intenção é apenas embalsamar para a posteridade uma "espécie em vias de extinção”...

2 comentários:

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  2. Opiniao controversa. Vias de extincao ou nao, um ataque frontal ao "imprescendivel" estado social, mudaria radicalmente as bases de todo o sistema politico actual e, mais do que isso, toda a sua legitimidade. Perante uma elite politica desgastada e uma populacao cada vez mais alienada do poder, quem ataque o sistema efectivo, juntamente com os seus simbolos, provocara o caos. Simbolos e palavras como "providencia" e "social" tem demasiado impacto numa geracao que ainda associa a importancia desses ganhos de redistribuicao do 25 de Abril ao mesmo nivel da liberdade. Caos seria pior. A pericia esta na capacidade de mudar o sistema, mantendo ainda a retorica - os tais simbolos e palavreados, ainda muito ligados 'a nossa experiencia democratica. Caso contrario, que venha uma revolucao.

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