segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

A alquimia chegou...( a propósito de um anúncio do líder do PS sobre a criação de um "laboratório").

A alquimia chegou ao PS. O dr. Seguro é um homem ambicioso. Não forma um gabinete de estudos ou promete congressos de notáveis, nem a promoção de debates generalizados (como fica bem dizer), abertos a essa realidade etérea chamada "sociedade civil". O líder socialista quer algo seguramente incontestado e de resultados indiscutíveis para programar o país. E vai daí, arrojadamente, anuncia ao mundo a criação inédita na política portuguesa:um laboratório. Esse valente projecto, visa encontrar, em três anos, soluções para os problemas dos portugueses. A execução de tão miraculoso programa terá o prazo de quase uma década. Porém, nada de aventuras ou experimentalismos, pois nesse centro não haverão tubos de ensaio, reagentes ou outros agentes químicos, variáveis matemáticas ou algoritmos e ainda menos hipotenusas ou raízes quadradas. Apenas certezas. E como é que os cérebros envolvidos chegarão lá? Não foi dito. Mas adivinha-se: perscrutando, com a utilização dos mais avançados métodos exotéricos, o pensamento do chefe, nem mais nem menos que o próprio e único dr. António Seguro. Pois é...já tivemos a paixão pelo ensino de um engenheiro, o choque tecnológico de outro hipoteticamente com a mesma formação e agora um licenciado nessas matérias do oculto chamadas de "relações internacionais" pretende indicar laboratorialmente o caminho. Patetices... Revolvendo, contudo, a memória, aquela ideia de "laboratório" lembra algo desagradavelmente requentado, nazi ou estalinista.

E a reconciliação aconteceu...(sobre a noite dos óscares 2012).

E a reconciliação aconteceu na noite dos óscares. Hollywood encheu-se de auto-satisfação, consagrando um filme de temática intrinsecamente ligada ao seu passado de esplendor: uma película a preto e branco, quase toda muda sobre o próprio cinema. Mais, essa evocação produzida em Los Angeles, teve realizador francês e os actores principais da mesma nacionalidade. O país da invenção do cinema uniu-se aquele que o transformou no espectáculo mais popular do mundo. Aliás, notou-se igual denominador comum na maioria das categorias técnicas, na banda sonora e mesmo no argumento original premiado, de autor americano, o assunto é Paris, enquanto cidade da criatividade e da "joie de vivre". A França e os EUA de mãos dadas nas vitórias. Talvez desde a Guerra da Independência Americana no século XVIII, que tal não acontecia com resultados tão frutuosos, fazendo esquecer a acidez das relações entre os dois países nas vésperas da 2ª invasão do Iraque, em 2003. A "Separação", película iraniana, ganhou a estatueta para o melhor filme estrangeiro. Irão e EUA conciliados, quando o influente "New York Times" noticiou o facto de "serviços de informação" considerarem que Teerão desistiu da "bomba atómica"?! Não, a teocracia iraniana para sobreviver precisa da "inimizade americana". Também não foram esquecidos os temas recorrentes do racismo e da homossexualidade, porém contemplados em actuações apelidadas de secundárias. A mensagem ecuménica da "Academy of Motion Picture Arts and Sciences" ficou ainda mais transparente e marcante, quando a fabulosa Meryl Streep, "liberal"("gauche chic" americana), ganhou o terceiro óscar da sua carreira, representando Margaret Tatcher, um ícone conservador mundial . Hollywood cheia de auto-estima. Os Estados Unidos no seu melhor. E a 7ª arte pode sentir-se, uma vez mais, feliz.

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Não se percebe...(a propósito de uma entrevista do Embaixador português em Tripoli, publicada "on-line" pelo semanário Expresso").

Não se percebe a utilidade desta entrevista. Para o jornal talvez interesse em abordar a questão líbia. Mas entrevistar um burocrata? Resulta uma série de banalidades. Depois as respostas do entrevistado, se a memória não falha, são semelhantes às fornecidas no início da crise na Líbia. Deve-se tratar do mesmo funcionário. Dizia então, que o facínora Khadafi controlava a situação e as manifestações não tinham muita importância. Deixava transparecer que seriam incentivadas por arruaceiros. Ecoava a propaganda do regime, dando a entender que tudo estava bem, como agora. Pois é, viu-se. Nessa altura teria sido melhor manter-se calado...O silêncio constitui uma arma preciosa. A instabilidade prevalece naquele país. Estranhar-se-ia se tal não acontecesse, após mais de 40 anos de ditadura assente num poder pessoal arbitrário e onde as estruturas estatais eram apenas simulacros fantasiosos de um demente criminoso. O regime ruiu após uma guerra civil sangrenta, cuja resolução favorável às forças contestárias só se tornou possível graças ao apoio da NATO. Neste contexto, como em outras situações semelhantes, poderão até fazer-se negócios e ganhar-se dinheiro, como, de repente, correrem-se riscos de vida. Cabe a cada um avaliar e decidir. Agora, não é da competência de um Embaixador português ser porta-voz de uma situação frágil, considerar quase irrelevante a existência de milícias armadas sob o comando de diferentes chefes e, neste cenário, procurar atrair pessoas com base no argumento de haver menos concorrência.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Eis uma notícia...(sobre a possibilidade da China apoiar financeiramente a Europa).

Eis uma notícia interessante, não pelos detalhes. É até recorrente. As autoridades chinesas não devem saber bem o que fazer a tanta liquidez e os juros das dívidas soberanas são jeitosos. Contudo, pretenderão acautelar-se através do FMI. Talvez não lhes interesse também o excessivo empobrecimento dos europeus. A loira Sra. Merkel, há dias, andou por lá e deve-as ter alertado. Quem irá então comprar as pilhas de inutilidades "made in china"? Os norte-americanos? Bem, os EUA já estão inundados por produtos fabricados na China e esta quase afogada na dívida americana. Notável reciprocidade...Portanto, para Pequim (perdão, Beijing) será de todo interesse diversificar clientes. Todavia, os dirigentes chineses sentir-se-ão especialmente encatados e orgulhosos, porque toda a gente presta, agora, reverência ao Império do Meio (o que faz o dinheiro...). Assim, cumpre-se a ambição do Imperador Iongle, o mais célebre Ming (a última e mais famosa disnastia Han), cujo almirante eunuco Zeng He procurou, nos princípios do século XV, expandir a soberania e glória chinesas além mar, nomeadamente nas costas do Oceano Índico. Mas aquele soberano morreu e o Celeste Império isolou-se. E os chineses nunca conseguiram vislumbrar, sem intermediários, o despertar do outro grande centro civilizacional do Mundo:a Europa Ocidental. Pelo contrário, em vez de visitar, foram visitados pelos audazes Portugueses, os primeiros mentores da globalização, a qual na actual versão tanta prosperidade tem levado à China.

domingo, 19 de fevereiro de 2012

A única posição...(sobre o 1º DE DEZEMBRO como feriado nacional).

A única posição é a defesa clara e inequívoca da manutenção do 1º de DEZEMBRO, DIA DA RESTAURAÇÃO DA INDEPENDÊNCIA DE PORTUGAL, como feriado nacional. Durante estes poucos mais de cem anos de apagado e triste regime republicano, muito se fez para diminuir ou menosprezar a importância do 1º de DEZEMBRO, a começar por se denegrir a figura ímpar de D. João IV. Homem avisado (músico notável), arriscando tudo em nome da missão de restaurar a Independência da Nação Portuguesa, foi apelidado de timorato ou indeciso. Alguma historiografia tentou a mesma operação face à figura de D. João I ao retratar o "Rei de Boa Memória" da mesma forma. Como se fosse fácil assumir a chefia de um movimento, no qual se arriscava a própria vida e as dos seus familiares próximos...Aliás, se há feriado nacional, que nestes dias particularmente sombrios de crise financeira e grande desemprego nunca deveria acabar ou sequer pensar-se em retirá-lo do calendário, é este. A gesta iniciada no 1º DEZEMBRO DE 1640 dá sentido e força à razão, ideia e sentimento de se ser PORTUGUÊS. Marca, em termos simbólicos e indeléveis, a diferença em relação à restante Europa, até porque naquele conturbado século XVII, os portugueses foram únicos, pois não voltariam a ser subjugados (a questão das Províncias Unidas-Holanda-é anterior e em contexto muito diferente). Não há produtividade que justifique o seu desaparecimento como FERIADO NACIONAL. Portanto, o governo e o parlamento errarão profundamente em caso de subalternização do DIA 1º DEZEMBRO.

sábado, 18 de fevereiro de 2012

Mais uma vez arte e negócio (a propósito da notícia sobre a descoberta de gravuras rupestres em Vale de Cambra, região de Aveiro).

Mais uma vez arte e negócio andam de braço dado. Talvez poucos se lembrem, gravuras idênticas às de Vale de Cambra na região do Côa, em conjunto com a polémica sobre a sua conservação ou a construção de uma barragem, ajudaram (não se sabe em que medida) a catapultar para o poder o PS do eng. Guterres. Assim, além do lucro, também a política se pode sempre somar à veia artística da humanidade. As gravuras de Foz Côa não me impressionaram. Fiquei sim impressionado com a belíssima região quente e rude de vales e montes alcantilados, que preferiu ser portuguesa em vez de castelhana, nos memoráveis tempos de El-Rei D. Dinis. Porém, triste e desprovida de gente, que uns "jipes" com turistas procuravam animar. Não sei se o conseguiram, até hoje...Entretanto, o turismo parece animar e justificar interesses acerca de épocas históricas perdidas nas sombras dos tempos...certamente, quem se entretêve a cravar na pedra figuras como as do Côa, estava apenas aborrecido pastando ou esfaimado à espera que a caça se pusesse a jeito...claro, se a antiguidade dos conjuntos rupestres do Vale de Cambra se comprovar. Seria também útil a sua comparação quer com as de Côa quer com as de outras regiões, nomeadamente do deserto do Sara. Seria mais um indício, que os Iberos tiveram origens africanas e não vieram dos mares Negro ou Mediterrâneo em peregrinação até estas belas terras de clima suave, pois a Helênia não está na moda...e volta-se à politiquice e ao rendimento, pior à ausência deste último ...

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

A questão demográfica...(a propósito das conferências abordando a baixa natalidade em Portugal).

A questão demográfica foi um dos múltiplos aspectos estruturantes (como se diz agora) perante o qual os governos se mostraram alheios, durante as três últimas décadas (como na restante Europa ocidental o problema português é anterior). Junta-se a outros como a agricultura e as pescas, a justiça e a educação/cultura. Os governos do actual PR, o qual surge como o promotor das conferências, são dos principais responsáveis por essa situação. Em troca de subsídios prontos a gastar da CEE-UE, optaram por seguir políticas fáceis de pseudo-modernização, de substituição de produção nacional por produtos importados e, ao mesmo tempo, aqueles sectores básicos de sustentação e de actividade do estado saíam descurados, ou tão mal como isso, alvo de todo o tipo de experiências e remendos legislativos. E não se pense que o menosprezo como se tratou a "família", alicerce fundamental da sociedade portuguesa, não constituiu ainda vector contribuinte para o descalabro demográfico. Não é apenas uma questão de dinheiro, até porque se houver comparação de índices, não restarão dúvidas que as famílias, em termos gerais, vivem melhor hoje em dia do que no passado. Antes a forma de utilização dos recursos financeiros e, concomitantemente, o desprezo efectivo pelos valores tradicionais, substituídos pelo consumismo fácil (este incentivado pelos próprios governos), que podem ser identificadas como algumas razões objectivas para que haja cada vez menos portugueses. Não bastará,agora, bater no peito e dizer "mea culpa"...