sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Não é o primeiro caso...(sobre uma notícia relativa à deportação de uma família portuguesa do Canadá.

Não é o primeiro caso passado em terras (re)descobertas pelos quase lendários irmãos Corte-Real. Quase de certeza não será, infelizmente, o último. Se está correcta a notícia, a situação arrasta-se desde 2001. Pouco provável haver resposta positiva ao "pedido de clemência" dessa inutilidade chamada secretaria de estado das comunidades portuguesas. Criaria sério precedente. Bem, o problema ficaria com os canadianos.Como tantos outros emigrantes portugueses (outras nacionalidades também), a família em causa, primeiro procurou jogar na sorte, depois, mal aconselhada, nas prerrogativas da lei canadiana para refugiados (demonstra desonestidade- de Portugal, procurar refúgio de quê?) e, por fim, num processo de legalização humanitária, presume-se baseado nas raízes familiares, entretanto criadas. Estará o MNE português disposto a interceder em todos os casos semelhantes, os quais, no fundo, desprestigiam o próprio País? Tratar-se-á apenas de uma questão de humanidade? Não haverá muito oportunismo e aldrabice? O advogado mencionado aconselhou aqueles estratagemas? Quanto cobrou? Portugal também tem leis contra a imigração ilegal. E a emigração portuguesa nunca têve nada de excepcional. Conforme os casos e opções poderá ser motivo para tristeza ou de alegria. Lamentável ver esperanças e projectos familiares fracassados. Antigamente, poderia haver a desculpa do desconhecimento. Nos dias que correm, não há falta de recursos e meios para obter informações. As pessoas são responsáveis pelos seus actos. Face à lei canadiana mentiram e, desde 2001, conscensiosamente.
Todo este quadro revela ainda, de forma inequívoca, como é dispensável um secretário de estado das comunidades. Poupe-se e acabe-se com essa redundância.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

E mais um Kim...(a propósito da morte do ditador norte-coreano).

E mais um Kim morreu. Segue-se o Kim III. De acordo com as tendências da História será o último. Não há dinastia assente na tirania, mesmo comunista, com mais de três monarcas...Porém, nunca se sabe. Ainda por cima o putativo tirano é jovem e o actual e aparente dueto senhor da Coreia do Norte (Cha, o tio por afinidade e Re o general comandante das forças armadas norte-coreanas) mantêem a situação controlada. Os norte-coreanos continuarão hermeticamente fechados para o mundo, na melhor tradição mao-stalinista. Pior, entalados entre Rússia, China e Coreia do Sul estão condenados a não partilhar a crescente prosperidade dos vizinhos e a receber migalhas miseráveis da ajuda internacional, inspirada no medo nuclear. A Coreia do Norte trata-se de uma espécie em vias de extinção. Aliás, talvez os norte-coreanos ganhassem bastante dinheiro (devem precisar e muito de divisas) explorando esse exotismo. Organizariam visitas turísticas, promovidas com títulos: "saiba o que é viver sob o ar puro comunista" ou  "o estado omnipresente"  ou  "conheça o último verdadeiro inferno comunista" ou ainda  "aprenda a chorar convulsivamente de alegria". Assim e face à crise, os europeus poderiam ter férias únicas e baratas. Conseguir-se-ia também, sem grandes estratégias didácticas,valorizar o menosprezado regime demo-liberal ocidental, o acto de votar e a escolha de gente capaz e responsável para governar .Certamente, seria pedagógico para alguns políticos portugueses e não só...

sábado, 24 de dezembro de 2011

Os maquinistas...(sobre a greve dos maquinistas da CP, durante o fim-de-semana do Natal de 2011).

Os maquinistas da CP, coitados, não pensam. Passam a vida a conduzir máquinas, cuja principal característica é andarem para a frente em dois carris paralelos. Daí perceber-se a pequenez de espírito do respectivo sindicato. Falta visão periférica. Parecem-se com aqueles cavalos ou asnos, utilizando duas viseiras para não se assustarem ou se distraírem, durante as corridas. Enterram mais a companhia, prejudicando os mais pobres e os mais velhos, para os quais, sobretudo nesta época do ano, o comboio constitui o transporte principal, juntando famílias na quadra natalícia. Nada disso os demove ou comove. Como também não importam as decisões dos Tribunais. Relevante é apenas o chamado direito à greve e a interpretação sindical. Depois, ganham muito bem, pois somam mais três dias de greve a outros, neste último trimestre. Como não recebem e, pelos vistos, não precisam, quer dizer que são ricos. Esta greve constitui, até pelo momento escolhido, uma inequívoca provocação. Um acto de simples e estúpida arrogância. O governo e a CP deveriam estar já a formar desempregados a guiar comboios, começando a despedir os actuais maquinistas...Seria bom que tal fosse possível, como o Presidente Reagan fez aos controladores aéreos americanos grevistas, nos anos 80 do século passado. Substituiu-os por militares...E financeiramente o País está em situação debilitante e a CP falida... Reles e vergonhosa a atitude destes trabalhadores. Esperam-se despedimentos na sequência dos processos disciplinares.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Futurologia...(a propósito dos comentários do editor de economia do semanário "Expresso" criticando a decisão do Governo Português em vender 21,35% das acções da EDP a uma companhia chinesa).

O dr. Nicolau Santos continua a fazer futurologia...Certamente, no seu tempo a Faculdade de Economia ou Instituto seguiu cadeiras especiais de necromancia ou astrologia. Se a companhia chinesa oferecia mais dinheiro e a China constitui um dos maiores mercados mundiais em constante crescimento, porque carga de água não deveria o Governo Português vender à melhor oferta?! De certeza que brasileiros ou alemães seriam melhor para o futuro? Está isso escrito na estrela polar ou no cruzeiro do sul?! Revelação do espírito dos natais passados ou dos vindouros?! E depois a tão falada internacionalização da economia não passará também pelo incremento da respectiva diversidade? Aliás, a tão glosada globalização não passa em muito pela China? Evidentemente, a decisão pode ser um risco a longo prazo, assim como seria qualquer outra opção. Simplesmente, as condições de mercado no futuro irão,  talvez, esclarecer essa dúvida ou outras. Portanto, não se critique a decisão com base em preconceitos, que nos anos sessenta se sintetizava no chamado "perigo amarelo". Criticado deve ser o percurso que trouxe Portugal ao caminho compulsivo da obrigação de uma venda por imperativo de efectuar pagamentos a credores. Eventualmente, o negócio revelar-se-ia em qualquer caso a melhor escolha. Porém, de todo o enquadramento anterior, constata-se a imposição do trio das instituições internacionais ligadas à assistência financeira. Mais, não reside a oriente a tão apregoada liquidez das abstracções chamadas "mercados"? No fundo, o dr. Nicolau Santos pensa como aquele duo de brilhantes socialistas: as dívidas não são para ser pagas, mas geridas ou dever dinheiro equivale a oportunidade para ameaçar ou chantangear quem emprestou aos Estados.  

Se os futebolistas profissionais...(a propósito da proposta do eurodeputado do PSD Paulo Rangel para a criação de uma agência de apoio a portugueses desempregados que pretendam emigrar, na sequência de uma sugestão do PM, segundo a qual professores sem emprego poderiam ir trabalhar para países lusófonos).

Se os futebolistas profissionais emigram e se isso é encarado com naturalidade, não escandaliza se outros portugueses optem pela mesma solução. Mas o PM não deve apresentar essa opção como saída para os desempregados (mais, os países lusófonos mencionados oferecem más condições de trabalho). Primeiro, transmite a ideia que o governo não tem solução para o desemprego e nem sequer a procura; segundo, num país tão desertificado torna-se mais um convite ao abandono; por último, comunica-se desalento a muitas pessoas já desencorajadas ou mesmo desesperadas, num país envelhecido. E não há que criar qualquer agência. Dever-se-ia acabar com aquela secretaria de estado (chama-se das comunidades, não é?!) existente no MNE; qualquer organismo seria inútil, como são as secretarias de estado da cultura, turismo ou juventude, por exemplo. De uma vez por todas, não cabe ao Estado sugerir, dirigir ou paternalizar as pessoas. Estas devem ser responsáveis pelas suas vidas e, hoje em dia, não há falta de fontes de informação para se ponderar uma decisão, antes de ser tomada. Como todos os países da Europa, sem excepção, Portugal sempre têve emigrantes espalhados pelos continentes, umas vezes mais outras menos, conforme as épocas. Ter ofertas de emprego seria preferível. Porém, o aumento do desemprego constitui, infelizmente, a tendência actual. Hoje, emigrar para os europeus difere, em muito, da aventura do século XIX ou dos percursos sinuosos de meados do XX, em consequência da proliferação e fácil acesso a meios rápidos de circulação e de comunicação: avião, rádio, telemóveis, televisão e "net". O mundo, cada vez mais, toma a forma de uma imensa e complexa aldeia. Importa, contudo, sublinhar a obrigação do Estado e respectivo governo: proporcionar condições de segurança, justiça, liberdade, bem-estar e progresso para os seus cidadãos.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

A entrevista...(a propósito de uma entrevista do MNE Paulo Portas à RTP1, em 15/12/2011).

A entrevista do Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros pareceu uma sessão de campanha pré-eleitoral. A entrevistadora, mais deliciada só pelo facto de estar ali do que com o entrevistado e as respostas, deixou este último deambular pelo mundo da propaganda. Continua líder do CDS. Porém, o que é que o Dr. Paulo Portas faz, de efectivo, no governo? Parece que é MNE com a responsabilidade do AICEP e cheio de entusiasmo com aquela coisa da "diplomacia económica". Freneticamente, visitou não se sabe quantos países e, de acordo com as suas próprias palavras, os que foram especificamente mencionados são mais relevantes do que outros...Certamente, vendo o programa estavam apenas os representantes das "relevâncias". Os outros não. Francamente, as palavras importam e para um MNE contam a duplicar, sobretudo se o estado se encontra em situação frágil. Outro detalhe, releve-se a participação numa sessão do Conselho de Segurança das Nações Unidas, mas não é fundamental para  
Portugal, principalmente com a nossa História de mais de 868  anos, como foi sublinhado. Depois, o "slogan" internacionalização ou expansão no estrangeiro assegura postos de trabalho no próprio país não é verificável. Trata-se de argumento falacioso. Constata-se muitas vezes o contrário. Portanto, cuidado com frases feitas. E não é automático que o eventual êxito internacional de uma economia produza riqueza na própria terra de origem dos investidores. Falar verdade implica, igualmente, ponderar-se
sobre possíveis mistificações. Economia, mercados, trabalho e lucro não são conceitos ou realidades harmoniosas. A recente crise comprova e de que maneira a existência de contradições.
Mais uma observação: lembre-se do segundo 2º Mandamento: " não evocarás o nome...". Pois é, a evocação do patriotismo é salutar, contudo em excesso torna-se fastidioso, vulgariza-se o conceito de dever e Pátria e ninguém acredita que a ambição pessoal e o gosto pelo exercício do poder não sejam também fortes motivações para qualquer político, no passado como hoje em dia...
Ao contrário do dr. Passos Coelho, parece que o dr. Paulo Portas perdeu capacidades e talento ao chegar ao poder...é pena.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Palavras interessantes...(a propósito das declarações do vice-presidente parlamentar do PS, afirmando que o governo português não deveria pagar as dívidas).

Palavras interessantes para um deliquente juvenil proferir, após lauto jantar bem regado com vinho de Castelo Branco- cidade e néctar regional mereceriam outra dignidade. Sobressai ainda, através do discurso eloquente e desassombrado, acefalia política de Pedro Nunes dos Santos. Evidencia-se igualmente a excelente selecção para deputados por parte dos socialistas. Lamentam-se também os restantes convivas, pois se a sala de tão brilhante ágape não era grande e arejada, a flatulência discursiva intoxicou, mais, os cérebros já toldados dos convivas. O homem em causa é vice-presidente da bancada parlamentar do PS. Este partido estêve no poder seis anos chefiado por um eng. que disse, há poucos dias, que a dívida não era para ser paga. Portanto, a enfermidade psiquiátrica contagia-se. No PS começa no topo e vai proliferando pelos outros escalões. Comprova-se esse diagnóstico através da reacção minimalista do presidente da bancada do partido rosa, tentando reduzir a meras figuras de estilo as declarações alarves de um colaborador próximo. Porém, atenção: os bancários alemães e franceses devem estar a tremer. E só agora perceberam porque é que o ex-PM Sócrates está a viver em Paris...entretanto, o PR francês já mandou a polícia verificar se o referido português paga as contas...e os portugueses tinham tão boa fama em França. Há, no entanto, uma forma de canalizar a energia de um tão sagaz e ilustre socialista: é ligá-lo à electricidade ou dá luz ou faz-se luz...

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

A entrevista (a propósito de uma entrevista ao PM português à SIC e subsequentes comentários).

A entrevista do PM à SIC nada têve de especial: entrevistadores mal preparados com observações disparatadas; entrevistado procurou responder com elegância, revelando pouco do que realmente pensa. A seguir, os comentadores também pouco inspirados e mal informados, a repetir as habituais banalidades metafísicas sobre a Europa. Quando, por acaso, tocaram em problemas concretos lamentaram-nos enunciando alternativas quiméricas ou vituperando personagens. Não há dúvida, ali para os lados de Carnaxide, a Sra. Merkel é odiada e o Sr. Sarkozy desprezado. E enquanto o dr. Sousa Tavares, sagaz, questionava o éter como é que se sai da crise...!?Francamente, não através da culinária. Isso já se sabe, assim como toda a gente é capaz de saber como é que se chegou a esta situação. Agora desconhece-se outra receita para além da austeridade. Poupar, pagar e não gastar e voltar a amealhar e não dispender, é a única metodologia capaz de funcionar na cozinha dos pobres. Não há cozinheiro Roosevelt, Keynes, "new deal", "eurobonds" ou BCE que cozinhe de graça. Mais, ainda está por inventar o ingrediente capaz de dar sabor sem trabalho e aroma sem dinheiro. Infeliz e dramaticamente, a mistela requentada das finanças públicas provoca enjoos, eventuais vómitos à mistura com muito mal-estar, com a possível agravante: arrisca-se a empestar o ar e a ficar estagnado a pairar se os ventos vindos de fora não arejarem com fluidez os espaços pestilentos das dívidas. Esta é a triste realidade e consequêmcia de se viver de propaganda, como, mais uma vez, ficou patente (e não aparente) através de mais uma promessa fracassada como o projecto da Nissan em Aveiro.
No seguimento dos doutos comentários ouvidos, quando é que se interioriza: Europa nunca rimou com "solidariedade" e muito menos com "caridade". Todavia, União Europeia (UE) casa bem com "poder", "negócio", "centro comercial", "conversa" e "interesse". Portanto, quem pode manda, como a Alemanha ou resiste, como o Reino Unido. Se se pensar assim, ninguém, no mínimo, se ilude.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Nada tem de surpreendente...( no seguimento da notícia que o Brasil ultrapassou o Reino Unido e passou a ser a 6ª economia mundial).

Nada tem de surpreendente brasileiros ultrapassarem ingleses. A surpresa é porque é que levaram tantos e tantos anos. No final do século XIX, antes do Império ser substituído por um ignóbil regime republicano, as terras brasileiras apresentavam índices de desenvolvimento equiparáveis aos dos Estados Unidos. Os Braganças souberam contribuir para a instalação de uma monarquia constitucional, a qual permitiu mais de sessenta anos de paz interna, progresso económico geral, liberdade política, social e de imprensa. Nesse período, através de três conflitos militares com vizinhos, o Império Brasileiro afirmou-se como a grande potência da América do Sul. A própria abolição da escravatura (motivadora da conspiração e do golpe militar que derrubou o Imperador) aconteceu de forma evolutiva. O fado brasileiro a partir do afastamento da Dinastia de Bragança foi cada vez mais triste e não houve carnaval, título mundial de futebol, bossa nova ou samba, que fosse capaz de fazer esquecer que o país era pobre e sem esperança, apesar de rico e enorme. Agora, parece que, como diz a cantiga de Chico Buarque, o Brasil "...vai cumprir o seu destino...". Oxalá. Talvez a imposição da lei e da ordem e, esperemos, como diz a bandeira brasileira, o progresso nas favelas do Rio de Janeiro, seja o símbolo que o desenvolvimento vai, no futuro, abranger todas as camadas sociais. Para Portugal é bom saber que o seu filho maior e mais acarinhado continua cheio de vitalidade e está atingir a maturidade.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Compreende-se...(a propósito das declarações do PM português na sequência da Cimeira da UE de 08/12/2011).

Compreende-se a atitude cautelosa do PM português. Juntou-se à maioria. Face à dependência económica-financeira, tornar-se-ia incómoda outra posição. A prudência e recitação do "credo europeísta" assentam bem ao momento. Também mencionar "menor denominador comum" sobre o acordo intergovernamental aceite pela maioria, soando como crítica aqueles (ex:Reino Unido) que não permitiram uma revisão efectiva do Tratado de Lisboa, cai bem junto do eixo "merkosy" e transmite o sinal correcto aos chamados"mercados". Assim, o posicionamento discreto do chefe de governo adequou-se à conjuntura. Porém, o dr. Passos Coelho deveria, já,  mandar os Ministérios das Finanças e Estrangeiros, analisar cenários e acertar posições para as negociações, as quais franceses e alemães quererão acelerar, considerando os seus próximos períodos eleitorais. Aliás, 2012, será "o ano de todas as eleições": Rússia, França, Alemanha (parciais) e EUA. Essa coincidência não será negativa para o nosso País, continuando a seguir-se com rigor as actuais políticas de austeridade. Deveriam mesmo ser endurecidas erradicando-se mais institutos, fundações, observatórios e secretarias de estado (na defesa, nos assuntos parlamentares, nos negócios estrangeiros, na educação, turismo e cultura, são apenas exemplos). Quanto mais se cortar nos tentáculos do estado melhor para a economia, finanças, actuais e futuras gerações portuguesas. Portugal mais equilibrado, gastando menos, verá  crescer a sua capacidade de afirmação internacional e, consequentemente, aumentará as respectivas capacidades e margens de negociação com outros Estados.

E assim é...(acerca das primeiras conclusões da Cimeira da UE em 08/12/2011).

E assim é, a UE concordou em discordar. Habitual. A Britânia não cedeu. A libra, a Commonweatlh e a City dão-lhe espaço de manobra para resistir à determinação prussiana. Quando o duo Schroder e Chirac, em 2003/04, não respeitaram os 3% do Pacto de Estabilidade, o eixo Berlim-Paris não pensou em novos tratados ou em soluções alternativas minimalistas intergovernamentais. Certo, a crise era outra. Agora, ainda não se sabem os detalhes. Confirma-se porém, que os orçamentos dos países EURO deverão ser obrigatória e previamente aprovados por Bruxelas. Claro, por elegância, não se meciona Berlim. A Comissão passa a supervisionar. Esse processo pesará de forma determinante nas discussões orçamentais anuais para governos e parlamentos nacionais. Implicará a apresentação do projecto de orçamento antes do Verão? E aprovação parlamentar será antes ou depois de um qualquer grupo de burocratas europeus conceder a benção contabilística? A burocracia europeia mandará mais que os deputados eleitos pelas populações? Bem, para a Alemanha estas dúvidas não existem, porque o seu peso económico e político determinarão, em última instância, as orientações de todos os outros parceiros. Portugal deve e muito. É incontornável a sua dependência do mercado europeu/alemão. Impossível evitar a aceitação desse provável acordo intergovernamental. Moral: a incompetência e a trafulhice conduziram-nos a esta situação de completa e compulsiva subalternização. Não constitui alívio saber que não somos os únicos.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Bem...(sobre a atitude do PM britânico em não querer aceitar de qualquer maneira o noticiado desejo franco-alemão em rever o actual Tratado da UE).

O PM britânico tem razão em tomar uma posição de princípio de reserva face à anunciada alteração estatutária das regras da União Europeia (UE). Os Acordos entre Estados não devem ser alterados ao sabor de conveniências ou incompetências e de maneira voluntarista, sobretudo, se jogam com as soberanias das respectivas Nações. Aliás, que se saiba, nenhum dos actuais governos europeus foi eleito com mandato para transferir para Bruxelas/Berlim mais nacos da soberania dos povos, que os elegeram. De acordo com as afirmações da Chanceler alemã e as notícias projecta-se isso mesmo. Depois, durante o processo negocial torna-se imprescindível ponderar com o devido cuidado as suas consequências, quer a nível interno de cada país quer para o complexo sistema decisório das instituições europeias. O deputados da Assembleia da República Portuguesa deveriam estar especialmente atentos, a começar por aqueles que compõem a maioria. Mais, um novo Tratado é desnecessário e redundante para haver disciplina orçamental e coordenação económica para enfrentar a presente crise financeira. Todos esses mecanismos já existem. O mau exemplo de desrespeito pelo esquecido pacto de estabilidade começou em Paris e Berlim. A memória não deve ser assim tão curta....Na actualidade, qualquer observador mais atento verificará que, à excepção da Espanha, são monarquias (algumas não integram o EURO) os países europeus institucionalmente mais estáveis e que melhor resistem ao descalabro financeiro.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

O silêncio é de ouro...dr. Portas (a propósito de declarações do Ministro dos Negócios Estrangeiros sobre a possibilidade de haver negociações para um novo tratado europeu no seguimento de declarações da Chanceler alemã).

A sra. Merkel possivelmente confidenciou ao dr. Paulo Portas o que a mais ninguém disse. Portanto, o actual MNE português já sabe da necessidade de um forte consenso nacional, face à provável negociação e aprovação(?), teutonicamente imperativa, de um novo tratado europeu. Quase certo, não se chamará"de Berlim", pois os europeus, não se importando que os alemães mandem, não gostam que se saiba...ou o dr. Portas pensará, maquiavelicamente, que lançando o alerta aos portugueses para o cenário de negociações duras, conseguirá criar espírito de resistência face ao cinismo franco-alemão!? Pois é...e depois quem pagará as contas? Dr. Paulo Portas, um conselho: calma e caldos de galinha, como diria a minha avó. Não se precipite. Ainda nada há. Entretanto não se antecipe. Como diz o sinal: pare, escute e olhe e só depois...fale,se tiver que ser. Não precisa de mostrar, que é mais esperto que os outros. Só que é mais inteligente...e cauteloso. Muitas vezes ganha-se mais em silêncio. Na verdade pelos discursos, quase simultâneos, do duo dinâmico "merkozy", não se sabe o que ambos querem e, sobretudo, se o dueto cantará afinado. Será difícil:francês e alemão sempre tiveram a tendência para a desafinação. Nunca cantaram em uníssono. Mais o sr. Sarkozy terá eleições em breve. Será reeleito? Talvez...E a sra. Merkel? O tempo eleitoral não joga a favor dos dois e de um novo tratado europeu. E todos os países do EURO necessitam de dinheiro "para ontem"...o novo tratado estará pronto...quando?

Sra. Merkel e a união orçamental europeia ( a propósito de declarações da Chanceler alemã no Parlamento alemão sobre a unidade orçamental europeia e subsequente necessidade de rever o Tratado europeu existente)

Em 1957, assinou-se o Tratado de Roma, criando o "Mercado Comum"; em 1986, entrou em vigor o Acto Único Europeu; em 1992, o Tratado de Maastricht instituiu a UE; em 1997, o Tratado de Amesterdão, continuando pelas túlipas, procurou melhorar o anterior; em 2001, não se consagrou uma constituição europeia, mas o Tratado de Nice; e em 2007, rubricou-se o Tratado de Lisboa. Das mais de 3 décadas para a primeira grande alteração constitucional, vai-se passar para uma média de 4 anos...Atenção, apenas o anúncio. Em várias ocasiões as aprovações pelos povos foi vergonhosamente tirada a ferros. A democracia saiu desprestigiada. A produção de um novo texto vai demorar. Não é fácil fazer a tradução do alemão para outras línguas. Depois, alguém sabe o que vai, de facto, na cabeça da sra. Merkel? É certo, de 6 membros, em 54 anos, passou-se para 27 países. Entretanto, cada vez mais, a UE assemelha-se a um conjunto de "Bundeslander", os estados federados alemães. A chamada  "disciplina prussiana" ou a mentalidade da Alemanha ex-comunista vai estender-se à restante Europa? As Nações médias e pequenas, como Portugal, foram, com tanto tratado, perdendo poder de decisão e influência no seio da amálgama lesgislativa em que sempre se traduziram aqueles acordos supra-nacionais. Agora, tudo isto, porque a maioria dos europeus gasta mais do que pode?! Para que serviram as constantes reuniões do BCE, dos Ministros das Finanças e as Cimeiras? Note-se:a Alemanha de hoje nada tem a ver com a de Kant, Bach ou mesmo Bismarck...

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Soberania (a propósito de declarações de S.A.R. D. Duarte Pio sobre o facto da crise afectar a soberania portuguesa).

S.A.R. D. Duarte tem razão. A crise ameaça inequivocamente a Soberania. Como a de qualquer outro Estado, hoje como no passado, a soberania de Portugal não é absoluta. O relacionamento entre os estados faz-se de inter-dependências e estas condicionam, interna e internacionalmente, as decisões dos respectivos governos. Nenhum está isolado no universo. Porém, a actual fragilidade extrema política-financeira do País retira-lhe a pouca autonomia ainda existente e poder negocial. O consequente desprestígio internacional torna-se incontornável. Dificulta a afirmação e a projecção de Portugal no mundo. Não há participação no Conselho de Segurança ou proclamação do Fado como Património Imaterial da Humanidade ou golos do Ronaldo capazes de resgatar a triste e vil imagem de uma Nação aflita e afligida, cuja qualidade de vida irá baixar, nos próximos anos. A única alternativa é trabalhar, poupar e aprender, para sempre, que não vale a pena viver-se acima das possibilidades, porque ninguém paga por nós as nossas contas. A réstea de soberania/autonomia é importante. Gera espaço de manobra para a defesa dos nossos interesses específicos, que não são os mesmos de espanhois, franceses, alemães, brasileiros ou angolanos. Defender um super-governo económico europeu é ser-se ignaro ou não ter consciência histórica sobre Portugal e a Europa. Provocaria ainda a completa subalternização portuguesa aos labirínticos,bizantinos e pouco competentes burocratas de Bruxelas, marionetes de Berlim.