segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Menos palavras e mais acção. (recado para o presidente do PSD).

Dr. Pedro Passos Coelho a oportunidade do florete passou. Não há tempo para esgrima de palavras de salão, ora dizes tu ora respondo eu. Acabou. Oh homem, pegue no sabre da "moção de censura" e vá para a batalha! Faça a abordagem do navio do poder. Salte a amurada! Tenha coragem! Quanto mais tempo passa, melhor é para o Eng. Sócrates e a sua máquina propangadística. E, sobretudo, é pior para o País. Assuma as responsabilidades como chefe do mais importante partido da oposição. A situação, daqui a seis meses a um ano, não deverá ser melhor. Mais, pode ter a certeza, se quiser ser de facto um bom PM, terá que tomar muitas medidas profundamente impopulares e desagradáveis para toda a gente. Não espere pelo aval do PR. É irrelevante. Não tema opiniões de banqueiros promíscuos com as mais de 50 luminárias da equipa governante do PS. Eles tomarão a mesma atitude com o governo seguinte. Decida. Assuma. Se tiver medo, então dê lugar a outro. Olhe a História de Portugal e confirme que os Grandes Portugueses surgiram em épocas de crise e dificuldades, porque tiveram a coragem e a pertinácia para enfrentar e mobilizar os seus cidadãos em momentos especialmente árduos e complexos. Não fale. Actue. Sabe, Dr. Passos Coelho, o seu partido está, de facto, a ser a muleta do Eng. Sócrates. O Sr. anda com ele ao colo, efectivamente. Este PM está politicamente pôdre e pronto a cair; porém, a próxima viagem à Alemanha a convite da "Kaiser" Merkel, seja qual fôr o resultado, renova-lhe a credibilidade internacional. Caro Dr. Passos Coelho o tempo joga a favor do Eng. Sócrates...É tempo de agir!

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

O anacronismo do Dr. Amado...

Anacrónico, não é apenas o regime de Khadafi. Também o tempo de reacção do MNE português parece sofrer da mesma moléstia. O Dr. Amado, primeiro, espantou-se, balbuciando algo como todos os países da UE faziam negócios com a Líbia; segundo, procurou não se comprometer perante a extrema violência do regime, face às manifestações da população; hoje mesmo, perante a trágica situação, emite parecer bolorento de comentador de segundo plano em canal de notícias por cabo. Com ou sem aval seu, o Governo procedeu bem e de forma eficiente ao conseguir transportar a maioria dos portugueses residentes na Líbia.Todavia,o Embaixador português em Tripoli deve sofrer da mesma "doença Khadafi" que o seu Ministro, pois em declarações à TV mencionou que os confrontos são entre manifestantes pró e contra o digníssimo líder líbio, negando o uso de aviões por parte do regime para bombardear a população. Não lhe devem ter traduzido o discurso desesperado, de ontem, do autor do "livro verde", ameaçando de morte todos os opositores. A evacuação até tinha corrido bem, porque é que foi comentar, desculpando a brutalidade das forças de segurança líbias?! Recebeu instruções do Dr. Amado? Do Eng. Sócrates? Ou terá sido algum dromedário líbio, daqueles que pastam junto à tenda do frenético e esclerótico Khadafi, que lhe encomendou o sermão!? Com este tipo de atitudes já estou a ver uma tenda líbia montada algures em Portugal para que Khadafi se venha exilar...creio que ficaria melhor na Suiça...

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

"Santa Ingenuidade"...

Sobre a Líbia: o Eng. Sócrates silencioso, o que é notável; o Dr. Amado, o MNE, espanta-se; e o Ministro da Defesa recomenda. Assim, perante uma situação político-social e humanitária de extrema gravidade, o Governo português, em termos políticos, mostra a inócua passividade e desafinação habituais. Para que é que serviu a eleição para o Conselho de Segurança das Nações Unidas?! Também constou, em meios de informação, que no Conselho da UE se teria juntado à Itália e à República Checa para refrear um comunicado europeu mais veemente contra as autoridades líbias. Estes responsáveis portugueses, parece, pensam em negócio. Estou estupefacto perante tanta "santa ingenuidade". Será que julgaram, que poderiam melhorar as exportações à custa de abraços ao Kadhafi? Aos líbios compramos 700 milhões de EUROS e só lhes vendemos 60 milhões de EUROS. A GALP? O BES? Não se iluda empresas e empresários portugueses: a população líbia é menor que a portuguesa, as condições socio-económicas gerais na Líbia são deploráveis, além da corrupção e arbitrariedade do regime. Esse país nunca seria uma solução. Sr. PM e Srs. Ministros portugueses por favor...no século XXI, fazer negócio com um líder paranoico do país que detém 2% das reservas petrolíferas dentro de uma tenda algures no deserto, dá para desconfiar...pensaram alguma vez, após mais de 40 anos de poder de Kadhafi, que tudo ficaria sempre igual em Tripoli!? Francamente, até os dromedários do referido apocalítico Coronel sabiam que não!

domingo, 20 de fevereiro de 2011

O silêncio ensurcedor da "Comunidade Internacional" (ainda sobre a evolução da situação na Líbia).

E uma vez mais: então o Presidente Obama não insiste com veemência na contenção das forças de segurança líbias na repressão das manifestações como fez em relação à situação egípcia?! E a UE não expressa as habituais preocupações?! São dramáticos os últimos testemunhos e as escassas imagens acerca da situação interna em território líbio. O silêncio (certamente táctico que só os principais actores deverão entender) da chamada "comunidade internacional" começa a ser ensurcedor: parece não haver problema que o sanguinário regime líbio mate à vontade e à canhonada a população...a falta de insistência e clareza dos EUA e da UE em relação a Kadhafi mostram, no mínimo, uma enorme falta de coerência e consistência em comparação com as tomadas de posição, face ao mesmo tipo de movimentações muito recentes ocorridas no Egipto e noutras regiões próximas. Pois é, este último país tem as pirâmides e a Líbia os dromedários e estes animais, pelos vistos, merecerão menos respeito e atenção... e, depois, a esfinge, eternamente contemplativa, deve ter passado para o Ocidente e instalou-se, talvez, em Washington, em Roma ou em Bruxelas/Berlim...! Após as declarações claras e inequívocas sobre a evolução egípcia, este silêncio pragmático e tristemente esfíngico sobre a ferocidade do grotesco sistema de Kadhafi revela uma atitude pusilânime.

Mais Eng. Sócrates-Coronel Chavez...(a propósito do anúncio da celebração de mais um contrato comercial entre os Governos português e venezuelano).

Os portugueses são informados que o seu Governo aceitou comprar petróleo à Venezuela e, em troca, pagará em géneros!? Um negócio entre a GALP e a PDVSA? Em termos práticos, isto quererá dizer que as exportações das empresas sediadas em Portugal para aquele país da América do Sul serão pagas pelos contribuintes portugueses? Ou não? Por outro lado, a notícia não esclarece qual será o preço de referência por tonelada de petróleo. "Brent"? Nova Iorque? Os especialistas sabê-lo-ão, porém seria interessante o grande público ser informado, até porque em nome da diminuição do défice a população portuguesa está a passar por um período de grande austeridade. Depois, ao referir-se, de forma prazenteira, a intervenção indirecta ou"benção" das negociações do Eng. Sócrates e do Coronel Chavez não se augura nada de positivo, pois as políticas de ambos, como é evidente pelos resultados socio-económicos nas duas margens do Atlântico, têm sido altamente prejudiciais para os respectivos países. Quando o Presidente venezuelano passou por Portugal, anunciou-se que tinha comprado os barcos construídos em Viana do Castelo rejeitados pelo Governo dos Açores. Afinal parece que não foi bem assim, pois o negócio só será fechado, após as adaptações exigidas pelos venezuelanos. Espera-se que os estaleiros situados naquela verde e bela cidade minhota não tenham que transformar esses transportes marítimos em museus à memória dos negócios entre o Minho e a República Boliviriana. Bolívar estaria inocente e a memória de D. Afonso Henriques mereceria mais respeito...

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Sem surpresa...

Não são surpreendentes os protestos, incidentes e tragédias, que estão acontecendo do norte de África ao Golfo Pérsico. Todavia, desiludam-se aqueles, que pensam em manhãs esplenderosas de democracia das colinas de Hércules aos planaltos persas. A História nunca foi unívoca. No calendário islâmico, estamos no século XV. Na Europa, quinhentos anos atrás, o Renascimento expandia-se por todo o ocidente, as monarquias nacionais procuravam alicerçar-se, a Igreja Católica desprestigiava-se, em síntese, as sociedades feudais agonizavam. Contudo, os seus actores não tinham a percepção clara dessa agonia e, sobretudo, nunca poderiam vislumbrar de forma concreta o devir desses acontecimentos. No início da presente centúria, o que se prova, por agora, é que as sociedades daquelas regiões, aparentemente imobilizadas, também não são indiferentes à "globalização": aumento dos preços de matérias primas e bens alimentares; informação constante e ensurcedora; meios electrónicos de acesso fácil, presentemente quase incontroláveis; e a regimes políticos oligárquicos e corruptos. O resultado, de momento, é incógnito e não haverá apenas um, mas vários e contraditórios devido a múltiplas variáveis: demografia, potencialidade de riqueza, forças sociais e religiosas, militares e aparelhos de segurança, políticos e ainda a chamada "comunidade internacional" e respectivos meios de informação. A evolução não será linear.
Neste contexto, o caso da Líbia poderá ser especialmente interessante: país rico (segundo consta com 2% das reservas mundiais de petróleo) pouco populoso, mas com forte densidade urbana e um líder sanguinário e perigoso, cuja imagem internacional vai da paranoia à comicidade. A UE e os EUA, amigos de recente data de Kadhafi, mostram-se parcos nos comentários e, ao contrário do egípcio Mubarak, não o aconselharam ainda a conter a terrível máquina repressiva líbia. Terão receio de fundamentalistas islâmicos, esquecendo-se que Muhamar Kadhafi foi dos primeiros chefes árabes a agitar, freneticamente, o pendão islâmico para combater o Ocidente? Ou serão apenas os interesses económicos e petrolíferos a aconselhar uma atitude pragmática e cautelosa, face aos já vinte e quatro mortos, que a resposta violenta das forças de segurança líbias provocaram entre a população que protestou?!
O regime líbio talvez ainda sobreviva a esta vaga, mas está agonizante, exactamente como as sociedades feudais ocidentais no século XV.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

O amigo líbio do Eng. Sócrates(a propósito das manifestações na Líbia contra o regime de Kadhafi).

O Coronel Khadafi é o tal amigo do Eng. Sócrates, que gosta de passear camelos e dormir numa tenda em Portugal. E, conforme reportagens, por ocasião de uma visita à Líbia, só recebeu o PM português, à meia-noite.No entanto, foi efusivamente abraçado pelo chefe de governo de Portugal. Não há muito tempo, o regime líbio prendeu dois cidadãos suiços, porque um dos seus filhos, certamente uma pérola do deserto como o progenitor, foi detido em Genebra e acusado pelas autoridades suiças de maltratar empregados domésticos. A criança Kadafi, de mais trinta anos, nem sequer esteve na prisão; os suiços estiveram quase dois meses incomunicados numa masmorra em Trípoli. Um deles era de origem tunisina. O caso foi na altura relatado nos meios de informação e, que se saiba, a UE e os EUA não se mostraram muito
sensibilizados. A "realpolitik" sobrepôs-se à solidariedade dos direitos humanos e da razão. A Suiça, por aquilo que constou, ficou isolada.
Kadhafi está ao nível do "querido líder" norte-coreano.Trata-se de um ditador sanguinário de bolsos cheios com atitudes de arrogância abjecta, que o Ocidente, em nome do dinheiro, aceita, agora, como meras excentricidades.Os estados civilizados do mundo, até há pouco tempo, consideravam terrorista a hedionda máquina repressiva líbia. Contudo, bastou um acto de contradição de Kadhafi para passar a ser respeitável. Até o Reino Unido pareceu esquecer a atrocidade do atentado de Lockerby ao deixar partir para Tripoli o agente líbio condenado como o principal planeador daquele acto terrorista, assim como olvidou a morte de uma polícia inglesa, quando alguém disparou do interior da Embaixada da Líbia em Londres contra manifestantes, que protestavam contra o regime líbio. Estes dois terríveis acontecimentos aconteceram há décadas, porém o Governo líbio continua a ser controlado pela mesma gente.
Todavia, não deverá ser em consequência de manifestações de rua, que o Coronel Kafhafi vai cair. A Líbia não é a Tunísia ou o Egipto. Tem pouca população e muito petróleo e dinheiro...pois é, negócio é negócio. O Presidente Obama ou a UE ainda nada disseram ou falaram baixinho?

domingo, 6 de fevereiro de 2011

E nada será como antes? (sobre a crise no Egipto).

Creio que não. Não é previsível haver mudanças radicais. O exército egípcio continuará a arbitrar a situação. Entretanto, os diferentes grupos da "Irmandade Muçulmana" esperam e medem-se entre si. Poderá ser positivo para as restantes forças político-sociais, cujos líderes a maioria da opinião pública internacional ignora quem são. A resposta à crise actual no Egipto não passa por Washington; nem por Berlim/Bruxelas. Aliás, os americanos já falaram demais, como é habitual.O estilo pode ser diferente, mas a administração Obama mantém o posicionamento da equipa de George W. Bush. Este foi o primeiro Presidente americano a defender, de maneira clara e inequívoca, a criação de um Estado Palestiniano, a propagar, de forma sistemática, os valores democráticos para o Médio Oriente, a fazer recuar o radicalismo líbio e as ambições expansionistas sírias. Do Magrebe ao Golfo Pérsico: o crescimento demográfico é muito acentuado; a água e as terras férteis escassas; as rivalidades étnico-religiosas evidentes acompanhadas pelas inimizades entre os diferentes líderes nacionais, os quais se portam, variadas vezes, como chefes tribais medievais; e ainda, no seu conjunto, é o território do Globo que une três continentes (África, Europa e Ásia) e onde existem as as maiores explorações de petróleo. Neste contexto, a importância do Egipto é incontornável. Já o era nos tempos faraónicos e na época romana. Todavia, nesses passados longínquos as terras do delta do Nilo alimentavam a respectiva população e grande parte do Mediterrâneo. E hoje em dia? Talvez a solução da crise passe pelos estômagos egípcios...