segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Parabéns! (sobre a notícia do sucesso da campanha do "Banco Alimentar").

O "record" da quantidade da recolha de alimentos é importante, porque reflecte e valoriza o empenhamento das pessoas; mas o mais relevante foi a capacidade de mobilização demonstrada por uma instituição privada, cujo fim é prestar assistência aos mais necessitados. A causa é reconhecidamente generosa e muito útil. O resultado esteve à altura. E o Governo previa, no projecto de orçamento para 2011, cobrar o IVA às Associações de Solidariedade Social privadas. De acordo com as últimas declarações do Ministro das Finanças, esse primeiro plano seria melhor do que aquele que foi aprovado. Entre a retórica governamental vazia e rebarbativa e a sensibilidade demonstrada pelo público português, neste último fim-de-semana, há total desfazamento. No próximo ano, infelizmente, deverão ser necessárias mais campanhas semelhantes. Todavia, o sinal de esperança e solidariedade evidenciado na vontade em partilhar e ajudar, com alegria, de tantas pessoas, demonstra vitalidade e desejo em ultrapassar as dificuldades. Os Portugueses podem estar cansados, contudo não estão vencidos. Parabéns ao Banco Alimentar também por essa revelação.

sábado, 27 de novembro de 2010

Mas quem paga...? (a propósito de uma entrevista do Presidente do EUROGRUPO e PM luxemburguês Jean Claude Juncker).

O Sr. Juncker lá saberá, até porque anda nesta vida, há muitos anos. Depois, não seria o mais saudável para o Luxemburgo mais uma vaga de portugueses e espanhois. Contudo, não me parece que o PM luxemburguês controle os "mercados". Estes mostram-se muito gananciosos. Natural, perderam (e continuam a perder) imenso com a chamada crise do "subprime" e, agora, querem recuperar. Entretanto, descobriram que os Governos preferem pagar do que impor aos cidadãos e empresas medidas extremas de austeridade e perder eleições. Com o "dinheiro barato" no mundo ocidental acentuou-se o hábito, em síntese caricatural, ao ciclo: o "chinês" produz e o "europeu/americano" compra...tudo, casas, carros, telemóveis, roupas, etc. O crédito continua muito acessível. Dificilmente as taxas de juro poderão sofrer incrementos súbitos- terapêutica que seria pior que a doença. Bem, enquanto a China e Rússia continuarem a comprar "made in Germany", a "zona euro" poderá inalar e exalar cautelosamente. Mas quem pagará esse possível aumento de fundos? O contribuinte alemão? Hipotecando o quê?Sim,porque o francês nem quer trabalhar até aos 62 anos e o italiano...Na verdade França e Itália andam a fazer complicadas operações de contabilidade pública,há vários anos.Portanto, só resta a Portugal fazer como se o FMI estivesse para chegar no dia seguinte(e talvez chegue).Os romanos é que sabiam: se queres a paz prepara a guerra.Porém,com este Governo de mais de 50 luminárias não se sabe hoje, quanto mais amanhã.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

O Contágio...

Quem parece contagiado é o MNE. O Dr. Amado descobriu agora a sua veia de comentador. Se falhar o próximo emprego, talvez na GALP, de certeza que passará a ser visto com os seus doutos pareceres numa das televisões, como o seu ex-colega Prof. Carrilho. De repente, fala sobre coligações, depois acerca da dívida da Irlanda e contágios. De especialista em coisa nenhuma, passou a médico de clínica geral. Oh Dr. Amado, então não se vê que há que tempos que estamos "contagiados"?! Por favor, atenuar o quê: que os chamados "mercados/investidores" querem ter a certeza que os seus investimentos (leia-se "dinheiro emprestado") são pagos com os respectivos juros?! Mas então o Sr. anda por esse mundo fora e ainda nada aprendeu?! Suponho que são os ares húmidos de Bruxelas, estragam-lhe a permanente, não? Ainda não reparou que a Irlanda é uma ilha, como a Madeira, porém não está isolada. Depois, existe a globalização....Dr. Amado porque não se cala....a discrição até era uma das suas, poucas, qualidades políticas. Deve ter sido contagiado pelo PM, que está sempre a falar....

domingo, 21 de novembro de 2010

O Sr. Eng. Sócrates afirma...portugueses duvidam.

Pois é, a re-distribuição ou redução de comandos no seio da NATO não fazia parte da Agenda da Cimeira. Segundo alguns, foi para não criar problemas ao Governo português. Portanto Oeiras, por agora, manteve-se. Contudo, o PM veio já afirmar, que não só aquela estrutura militar continua, como a sua missão será substituir a função da existente no Reino Unido. De momento, não se compreende se é uma promoção ou diminuição de importância. Será esta previsão do Eng. Sócrates como as do Orçamento e do défice: a realidade desmente os seus desejos? Ainda resultado do choque tecnológico? Os seus Ministros estiveram melhor: não falaram demasiado. Porém, como o Chefe, estavam deliciados pela ocasião e atenção. Compreende-se. Durante dois dias, puderam esquecer a enorme dívida do País. A partir de segunda-feira, volta a questão orçamental e a pairar nos céus a nuvem negra do FMI. Está a atravessar o Atlântico Norte a caminho da Irlanda...Não há Cimeira que resolva o actual problema das finanças. Contudo, não faz mal sonhar que, se esta triste e vil situação de endividamento não existisse, Portugal poderia ter projectado uma imagem consistente, não só de parceiro fiel como também fiável. Qual será a fiabilidade de um Estado de escassos recursos, que não sabe gerir as suas contas? Assim, resta-nos a habitual e reconhecida capacidade de organização e hospitalidade...e a cortiça. Fica bem e flutua sempre.

Positivo...(a propósito do encontro EUA/Rússia em Lisboa, por ocasião da Cimeira NATO-Rússia)

Um encontro a "sós" entre os Presidentes americano e russo constitui sinal positivo. Mas é pouco tempo, 15 a 20 minutos. Talvez tivesse sido mais importante se o Sr. Obama se tivesse encontrado com o Sr. Putin. Os assuntos que dizem respeito aos dois países são muitos e variados. Americanos e russos deviam falar mais, de maneira constante e a diferentes níveis. Contribuíriam de forma mais efectiva para a Paz Mundial e, possivelmente, para a China se mostrar, em termos públicos, menos agressiva e conter regimes como a Coreia do Norte e o Irão. Todavia, transparece ainda que Rússia e Estados Unidos são concorrentes. Continuam a competir entre si com complexos da chamada "guerra fria". Podem já não ser dois pólos completamente antagónicos e daí a ameaça de guerra nuclear parecer algo do passado. Pois é, mas ambos os países continuam a ter arsenais imensos de ogivas e mísseis e uma incalculável capacidade de destruição. Mais, o Mundo, se pretende pacificação precisa de polícias: em África, no Médio Oriente e em certas regiões da Ásia. Por exemplo, se houvesse cooperação mais efectiva americana-russo, a pirataria no Mar Vermelho pudesse ser mais facilmente erradicada e o controlo de vendas de armamento mais efectivo, etc, etc. Bem, só resta esperar, como sublinharam todos os protogonistas, que este Outono de Lisboa seja a Primavera anunciada e florida do reforço da cooperação NATO-Rússia...duvido.

sábado, 20 de novembro de 2010

O erro do Sr. Rasmussen (a propósito de uma entrevista do Secretário-Geral da NATO).

O erro do Sr. Rasmussen está em falar...em erro. O Secretário-Geral da NATO nunca deveria mencionar a palavra "erro", qualificando uma operação a decorrer. Não é positivo, mesmo que seja só para reconhecer lapsos pontuais de táctica ou, mais profundo, de concepção estratégica. Quando há civis e soldados que morrem, um comandante, mesmo apenas político, não deve confessar-se em público. Não se pode ser, ao mesmo tempo, actor e historiador. Aliás, antes do actual cargo, era PM da Dinamarca. Portanto, já partilhara responsabilidades. Depois, desmoraliza. Finalmente, enfraquece a Aliança, perante a opinião pública ocidental e moraliza inimigos. Recomenda-se prudência nas acções e nas palavras. Finalmente, fazer a guerra no Afeganistão foi uma decisão acertada, até pela sua infeliz inevitabilidade. Todos os conflitos armados foram e serão trágicos e o afegão, actual, não será excepção. Note-se ainda, a História nunca se repete: procura explicar o passado, tornando-o inteligível; condiciona, talvez, o presente pelo seu maior ou menor peso sobre a consciência de protogonistas; porém, nunca será uma base segura para qualquer prognóstico ou para se tentar adivinhar o futuro. A Geografia física pode ser a mesma. Todavia, actores e condicionalismos variam, pois o tempo é factor inexorável. Uma vitória rápida e consensual, como a da I Guerra do Golfo em 1991, será sempre um acontecimento de enorme excepcionalidade na História da Humanidade.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Reino Unido e Países Baixos têm razão (a propósito das divergências entre o PE e países membros sobre questões orçamentais).

Esta notícia é escassa quanto a detalhes. Mas Londres e Haia têm razão. A amálmaga do Parlamento Europeu (PE) que se preocupe com o orçamento da UE. Já lhe deveria dar trabalho suficiente. Aproveite e imponha a si próprio medidas de austeridade: por exemplo, acabe com as excursões mensais a Estrasburgo ou escolha entre esta cidade franco-alemã e Bruxelas. Lisboa deveria adoptar idêntica atitude e não permitir que parlamentares estrangeiros e outras instâncias controlassem a administração financeira interna. Contudo, a incompetência dos Governos conduziu a uma cada vez maior dependência. Resulta daí o silêncio português, a começar pelo respectivo Parlamento, que parece aceitar boamente a sua própria subalternização. A situação de depauperamento condiciona a afirmação internacional, fragilizando a capacidade negocial do presente e futuros Governos Portugueses. Transmite-se então a ideia, perante Chefes de Estado estrangeiros, que o País está a saldo. Daí não se perceba as entrevistas inoportunas do MNE ao "Expresso" e do Ministro das Finanças ao "Financial Times". O disparate também custa dinheiro. Pagam os contribuintes. Assim, nesta semana, aquando da Cimeira Nato, os Chefes de Estado e Governo deverão ter nos seus papéis sobre Portugal, que o PM Sócrates já não manda, restando-lhe apenas o pesadelo do TGV e a distribuição do "magalhães" - desta vez em cortiça, como os restantes presentes aos ilustres convidados. Flutua.

sábado, 13 de novembro de 2010

Pena, Sr. MNE (a propósito de uma entrevista do Ministro dos Negócios Estrangeiros ao "Expresso", 12/11/2010)

O Dr. Luís Amado decidiu confessar-se. E a confissão lembra a frase: "os primeiros a abandonar o barco são os ratos". Ninguém o obrigou a continuar MNE. Se está "saturado", vá-se embora. Não aborda a política externa. Fala da situação interna. Tarde. Diz não ter sido ouvido. Saia, se não se sente compreendido. Se o Dr. Amado fosse importante as suas declarações constituíriam uma "punhalada política"; porém, como é irrelevante, a entrevista resulta em mera "alfinetada" no PM - com consequências?! O Dr. Amado prepara-se para ser um executivo, talvez da Galp e uma reserva do PS. Está bem. Assim, o PM em Macau, legitimando uma demonstração de paternalismo chinês em relação à CPLP, disse concordar com o seu Ministro, sobretudo na defesa da "coligação"...Pois é, mas para haver casamento é conveniente existir algum namoro e o Sr. Eng. Sócrates sempre se mostrou muito difícil. Eis o resultado: desgastado, só lhe resta concordar com o seu MNE. O Dr. Amado adopta a postura das galinhas dos ovos chocos... dessa maneira o ovo soa a oco, a falso... o tempo já passou. Portanto, é escusado. Talvez, o regresso à Madeira, onde é funcionário, lhe fizesse bem. Uma cura de humildade junto do previsível Dr. Jardim talvez fosse útil. O Dr. Amado é daqueles políticos, chamados "de bastidor". Então, fique por lá se sente mal-amado. Resuma as aparições públicas àquelas declarações inócuas, antes ou depois das reuniões em Bruxelas. Ninguém as entende, contudo não faz diferença.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Entusiasmo Chinês (a propósito da visita do Presidente da China, 6 e 7 de Novembro 2010).

Apesar das viagens marítimas do séc. XV do Almirante chinês Zheng He, não foi a China que chegou à Europa. Os portugueses foram os primeiros europeus a estabelecer com o Celeste Império relações directas e constantes. Relacionamento estranho ao longo de quase cinco centúrias. Sobreviveu, contudo, a muitas tempestades mundiais. Agora, já não existe Macau. E o que parece restar, é Portugal falido e uma China em crescimento sôfrego. De repente, o Presidente Hu Jintao aparece como que um caixeiro viajante capaz de comprar ou participar em qualquer coisa...exactamente como uma loja chinesa, onde tudo se vende. Entre a dinastia Ming da época daquele célebre navegador chinês e o regime comunista de hoje, há mais em comum do que a a cor vermelha. Zheng He procurava criar estados vassalos; Hu Jintao busca países clientes. Em momentos históricos tão diferentes, o mesmo objectivo: criar laços de dependência, tendo a China como parceiro dominador. Evidente, nas relações entre países e empresas predomina o interesse. Portanto, é estranho ver empresários portugueses importantes, dizendo que os acordos serão bons para as exportações portuguesas. Para as importações chinesas serão maus? Os chineses não são ingénuos, nem beneméritos. Abissal, é a diferença de dimensão entre os dois países. É conveniente manter uma certa compostura. Chegámos à China por mar, há cerca de 497 anos. Não haja ilusões. O futuro do grosso das exportações portuguesas não está na China e o nosso mercado não tem tamanho para a voracidade chinesa. Óbvio, os dirigentes chineses pretendem aumentar a sua capacidade de afirmação no mundo, pelo que Portugal, até por razões históricas, poderá engrossar sua clientela. Claro, existe ainda todo o atlântico de expressão portuguesa. Indiscutível também, o "apetite chinês" será cada vez maior. Porém, não vale a pena, perante todo e qualquer Chefe de Estado, como aconteceu, há pouco, com o venezuelano e, agora, com o chinês, o Governo estar sempre a transmitir a mensagem, que o País está a saldo. Se o falso orgulho é mau para os negócios, a humildade pegajosa também. Com o primeiro nada se compra barato e vende-se tudo mais caro; com a segunda afastam-se os bons clientes e nada se compra de jeito.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Política Cultural!? (a propósito do projecto anulado do Museu da Indústria no Porto)

Ao longo dos anos, ressalta destas discussões sobre Património ou actividades artísticas o aparecimento de novas medidas. Não sei quantas políticas e projectos culturais inacabados já houve em Portugal. O dinheiro para a Cultura foi sempre inversamente proporcional às metas anunciadas. Todos o reconhecem, a começar pelos respectivos Ministros, como que a desculparem-se da sua ineficácia. O melhor era não haver Ministro (a) da Cultura e deixar os próprios agentes culturais agir. Para atribuir subsídios basta um subsecretário de estado no Ministério da Educação; não necessita de ser na Presidência do Conselho de Ministros. Erradicava-se a ideia que o Governo dispõe de um "Comissário", à boa maneira estalinista, para distribuir benesses. De facto, parte do trabalho poderia ser feito a nível autárquico. Localmente também seria mais fácil para o eleitor/contribuinte ajuizar acerca da forma como o dinheiro público é utilizado em projectos culturais. O Estado dever-se-á, fundamentalmente, ocupar da manutenção e promoção do Património Histórico Nacional. Incluem-se: obras arquitectónicas e museus; conservação e divulgação de obras literárias e musicais. O Governo não tem que se envolver em polémicas artísticas. Deviam-lhe bastar os debates políticos, apesar da sua constante cacofonia e repetido mau recorte literário. Porque é que não se aplica o modelo desportivo com as suas associações/federações e respectivas autonomias? Mas, reconheça-se, políticos e artistas adoram atenção.

O FMI já cá está....

O FMI aterroriza?! Talvez. Esperemos, no entanto, que esse terror não faça com que o Governo actual aja como os maus empregados de limpeza, escondendo lixo e pó debaixo de tapetes em vez de limpar. Em passado recente,  Eng. José Sócrates e  Prof. Teixeira dos Santos sob o manto da propaganda, sorrateiramente, escamotearam as condições lastimosas das finanças públicas. Até aumentaram os vencimentos dos funcionários. O PS conseguiu ganhar as eleições. Mais do que a fiscalização parlamentar do PSD, espera-se que a sombra, aterradora, do FMI vá pairando, por forma que as medidas contidas no Orçamento 2011 não sirvam para alimentar altas velocidades megalómanas. Bom seria, que o FMI fosse apenas o fantasma de futuros Natais, porque deu a oportunidade a Mr. Scrooge para emendar a atitude no Conto de Charles Dickens. Infelizmente, parece  representar apenas a consciência pesada do passado e a negação de abundância para o Natal que se aproxima. E depois o actual Governo além de não ser avarento não dá sinais de arrependimento.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

O Património está ameaçado...

No último fim-de-semana, passeei por localidades do Alto Alentejo. As ruínas dos castelos medievais, arruinam-se, abandonadas. Não há guias ou guardas. Não há placas explicativas sobre as fortalezas ancestrais, que deveriam ser motivo de orgulho. A Conservação do Património pode ter papel dinamizador: empregos, atracção turística, etc. Naquela região, o Palácio Ducal de Vila Viçosa constitui excepção, onde a dignidade ainda existe. Évora vai-se mantendo. Do local para o geral: é indiscutível que a restauração e conservação  dos monumentos nacionais valem vários "TGVES". Escassez de dinheiro: extingue-se o Ministério da Cultura, organismo inútil e investe-se mais na recuperação dos monumentos. As autarquias não podem fazer tudo. Talvez não traga muitos votos o respeito pela História e a sua subsequente divulgação, contudo é importante para que um Povo tenha amor-próprio(auto-estima com se diz agora). E é, sobretudo essencial, em épocas de crise. O Passado também serve para projectar o futuro.