quarta-feira, 28 de março de 2012

Face a Portugal os angolanos parecem-se...(a propósito do anúncio da possibilidade de Portugal e Angola assinarem um acordo para evitar a "dupla tributação").

Face a Portugal, os angolanos parecem-se bastante com os brasileiros. Pronúncias diferentes, mas há, por vezes, indisfarçáveis notas de complexos anti-lusitanos por parte daqueles nossos filhos e netos dos dois lados do Atlântico sul. Ambos assumem a língua portuguesa. Esta para além de alicerce primordial dos três povos, constitui em Angola, por agora, a base mais forte de identificação e coesão nacionais e no Brasil, a caminho dos duzentos anos de independência, a expressão lídima do seu carácter único e factor incontornável de diferenciação em relação aos restantes países do hemisfério ocidental. Porém, dificilmente compreendem como é que um pai e uma mãe naturais de uma pequena e aparentemente pobre faixa de terra localizada  "onde o mar começa e a terra acaba"  foram capazes de gerar, naqueles imensos e afortunados espaços, nações de tão enorme potencial. Reconheça-se que nós próprios, portugueses, às vezes, também não percebemos a grandeza, a audácia e a perseverança dos nossos antepassados. Desse modo portamo-nos, de forma oportunística, como pais que de tão benévolos passam por tontos. E assim o mundo lusófono dificilmente ultrapassará esse recíproco e estranho complexo de édipo, enquanto cada um continuar em estranha introspecção letárgica em vez de comprender que a junção de esforços, tomando em consideração confluência de interesses, pode potenciar, neste mundo dito global, oportunidades únicas. Portanto, venha daí esse tal acordo (para evitar a dupla tributação) que já vai chegar tarde.

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