sábado, 30 de abril de 2011

Sem saída. (ainda sobre declarações de Khadafi, pretendendo assumir-se como interlocutor válido perante a França e os EUA).

O comportamento do coronel Khadafi sempre foi ora de grande agressividade ora errático e sempre viscoso. Face aos outros países árabes e africanos pautou os seus discursos em tons agressivos ou com grandiloquência balofa, procurando sempre intimidar. Perante o ocidente, vagueou as suas simpatias e posições, conforme as épocas, entre a ameaça e as promessas calorosas. Dispondo de muito dinheiro e uma população, até há pouco tempo, subjugada e amorfa, comprava projecção e prestígio com os seus "petrodólares" e promessas de projectos internos de obras públicas. A Europa (e Portugal embarcou igualmente nessa miragem) e os EUA deixaram-se seduzir por um Kadhafi recauchutado, aparentemente benigno e apenas excêntrico. Porém, a viscosidade e a paranoia subsistiram sempre. Nunca o abandonaram. Demonstra-o as constantes declarações contraditórias e a guerra fratricida, que persiste na Líbia. A NATO não poderá reduzir a sua intervenção aos bombardeamentos. Vai ter que por tropas no terreno. As últimas afirmações do ditador líbio e a entrevista da sua filha, há dias, ao New York Times, parecem comprovar a irredutibilidade da família. Seria bom, que o caso líbio servisse de lição às potências ocidentais, no sentido de não voltarem a ser seduzidos por facínoras, que mais tarde se revelam não só prejudiciais, mas também muito mais caros em derrubar. O coronel Kadhafi está encurralado. Não tem saída. Ele sabe-o. Seria útil que a NATO não prolongasse a sua agonia para bem, sobretudo, da Europa.

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