domingo, 29 de maio de 2011

Enganos. (sobre a notícia da captura do ex-general sérvio-bósnio Mladic, considerado criminoso de guerra e acusado de genocídio na guerra da Bósnia dos anos 90 no século XX).

O ex-general Ratko Mladic representa um fantasma de um trágico passado recente. Contudo, o peso da tragédia não se reduz aos sérvios e à Bósnia-Herzegovina. Aliás, refletindo retrospectivamente: a Sérvia perdeu mais que todos os outros Estados balcânicos, na década final do século XX. Soma de enganos ocidentais. O primeiro: na II Guerra Mundial, quando Churchill e os aliados apoiaram os comunistas jugoslavos, cujo combate contra as forças nazis parecia mais determinado do que os monárquicos sérvios. O croata Tito (chefe comunista e antigo sargento das forças austro-húngaras na I Guerra Mundial) devido a esse auxílio conseguiu instalar um estado socialista, reprimindo severamente a oposição. O segundo: manteve-se a Jugoslávia, mas o regime titista tudo fez para diminuir a influência dos sérvios, o grupo étnico-cultural mais numeroso da federação, criando a república da bósnia e autonomizando o Kosovo e a Voivodina - à semelhança do stalinista soviético tudo fez para dividir para melhor reinar. A virulência dos nacionalismos de Milosevic, Tudjman e Itzebegovic provocaram os genocídios jugoslavos dos anos 90 do século passado, o inexorável resultado daqueles históricos enganos. Por fim, a então CEE e, ao princípio a NATO, foram incapazes, devido às divisões internas e aos egoísmos dos líderes nacionais de evitar as guerras. Os sérvios foram sempre apresentados como as bestas e os outros como cordeiros. A Sérvia é uma Nação notável e merece, se assim o pretender, ser membro NATO e da UE. Mladic já é passado.

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