segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Entusiasmo Chinês (a propósito da visita do Presidente da China, 6 e 7 de Novembro 2010).

Apesar das viagens marítimas do séc. XV do Almirante chinês Zheng He, não foi a China que chegou à Europa. Os portugueses foram os primeiros europeus a estabelecer com o Celeste Império relações directas e constantes. Relacionamento estranho ao longo de quase cinco centúrias. Sobreviveu, contudo, a muitas tempestades mundiais. Agora, já não existe Macau. E o que parece restar, é Portugal falido e uma China em crescimento sôfrego. De repente, o Presidente Hu Jintao aparece como que um caixeiro viajante capaz de comprar ou participar em qualquer coisa...exactamente como uma loja chinesa, onde tudo se vende. Entre a dinastia Ming da época daquele célebre navegador chinês e o regime comunista de hoje, há mais em comum do que a a cor vermelha. Zheng He procurava criar estados vassalos; Hu Jintao busca países clientes. Em momentos históricos tão diferentes, o mesmo objectivo: criar laços de dependência, tendo a China como parceiro dominador. Evidente, nas relações entre países e empresas predomina o interesse. Portanto, é estranho ver empresários portugueses importantes, dizendo que os acordos serão bons para as exportações portuguesas. Para as importações chinesas serão maus? Os chineses não são ingénuos, nem beneméritos. Abissal, é a diferença de dimensão entre os dois países. É conveniente manter uma certa compostura. Chegámos à China por mar, há cerca de 497 anos. Não haja ilusões. O futuro do grosso das exportações portuguesas não está na China e o nosso mercado não tem tamanho para a voracidade chinesa. Óbvio, os dirigentes chineses pretendem aumentar a sua capacidade de afirmação no mundo, pelo que Portugal, até por razões históricas, poderá engrossar sua clientela. Claro, existe ainda todo o atlântico de expressão portuguesa. Indiscutível também, o "apetite chinês" será cada vez maior. Porém, não vale a pena, perante todo e qualquer Chefe de Estado, como aconteceu, há pouco, com o venezuelano e, agora, com o chinês, o Governo estar sempre a transmitir a mensagem, que o País está a saldo. Se o falso orgulho é mau para os negócios, a humildade pegajosa também. Com o primeiro nada se compra barato e vende-se tudo mais caro; com a segunda afastam-se os bons clientes e nada se compra de jeito.

1 comentário:

  1. Obviamente toda a gente sabe que os chineses querem o nosso vinho do Porto. Daí a óbvia conclusão que será bom para as nossas exportações. E claro, não esquecer que as empresas de construção portuguesas são especialistas em criar Arranha-Céus - serão um contributo indubitável para o património arquitectonico de Beijing, Hong Kong e Shanghai!

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