sábado, 25 de fevereiro de 2012

Não se percebe...(a propósito de uma entrevista do Embaixador português em Tripoli, publicada "on-line" pelo semanário Expresso").

Não se percebe a utilidade desta entrevista. Para o jornal talvez interesse em abordar a questão líbia. Mas entrevistar um burocrata? Resulta uma série de banalidades. Depois as respostas do entrevistado, se a memória não falha, são semelhantes às fornecidas no início da crise na Líbia. Deve-se tratar do mesmo funcionário. Dizia então, que o facínora Khadafi controlava a situação e as manifestações não tinham muita importância. Deixava transparecer que seriam incentivadas por arruaceiros. Ecoava a propaganda do regime, dando a entender que tudo estava bem, como agora. Pois é, viu-se. Nessa altura teria sido melhor manter-se calado...O silêncio constitui uma arma preciosa. A instabilidade prevalece naquele país. Estranhar-se-ia se tal não acontecesse, após mais de 40 anos de ditadura assente num poder pessoal arbitrário e onde as estruturas estatais eram apenas simulacros fantasiosos de um demente criminoso. O regime ruiu após uma guerra civil sangrenta, cuja resolução favorável às forças contestárias só se tornou possível graças ao apoio da NATO. Neste contexto, como em outras situações semelhantes, poderão até fazer-se negócios e ganhar-se dinheiro, como, de repente, correrem-se riscos de vida. Cabe a cada um avaliar e decidir. Agora, não é da competência de um Embaixador português ser porta-voz de uma situação frágil, considerar quase irrelevante a existência de milícias armadas sob o comando de diferentes chefes e, neste cenário, procurar atrair pessoas com base no argumento de haver menos concorrência.

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