segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

E a reconciliação aconteceu...(sobre a noite dos óscares 2012).

E a reconciliação aconteceu na noite dos óscares. Hollywood encheu-se de auto-satisfação, consagrando um filme de temática intrinsecamente ligada ao seu passado de esplendor: uma película a preto e branco, quase toda muda sobre o próprio cinema. Mais, essa evocação produzida em Los Angeles, teve realizador francês e os actores principais da mesma nacionalidade. O país da invenção do cinema uniu-se aquele que o transformou no espectáculo mais popular do mundo. Aliás, notou-se igual denominador comum na maioria das categorias técnicas, na banda sonora e mesmo no argumento original premiado, de autor americano, o assunto é Paris, enquanto cidade da criatividade e da "joie de vivre". A França e os EUA de mãos dadas nas vitórias. Talvez desde a Guerra da Independência Americana no século XVIII, que tal não acontecia com resultados tão frutuosos, fazendo esquecer a acidez das relações entre os dois países nas vésperas da 2ª invasão do Iraque, em 2003. A "Separação", película iraniana, ganhou a estatueta para o melhor filme estrangeiro. Irão e EUA conciliados, quando o influente "New York Times" noticiou o facto de "serviços de informação" considerarem que Teerão desistiu da "bomba atómica"?! Não, a teocracia iraniana para sobreviver precisa da "inimizade americana". Também não foram esquecidos os temas recorrentes do racismo e da homossexualidade, porém contemplados em actuações apelidadas de secundárias. A mensagem ecuménica da "Academy of Motion Picture Arts and Sciences" ficou ainda mais transparente e marcante, quando a fabulosa Meryl Streep, "liberal"("gauche chic" americana), ganhou o terceiro óscar da sua carreira, representando Margaret Tatcher, um ícone conservador mundial . Hollywood cheia de auto-estima. Os Estados Unidos no seu melhor. E a 7ª arte pode sentir-se, uma vez mais, feliz.

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