quinta-feira, 17 de maio de 2012

"Merkhollande II"

Está à vista: a "merkhollande", em substância, pouco ou nada se distinguirá da "merkosy". Os cortes dos salários, a reposição da idade da reforma para alguns casos e o imposto sobre as grandes fortunas são apenas gestos simbólicos a pretender marcar a diferença. E só devem passar a ser lei depois das legislativas. Aliás, são tomadas apenas a pensar no próximo acto eleitoral, que os socalistas querem ganhar com maioria absoluta. A partir daí já não terão alibis. Então ver-se-á o Governo francês, durante e imediatamente após o EURO 2012, tomar as medidas mais duras de austeridade. Não há alternativa. Claro está, tudo sob o "manto diáfono" da retórica pró-europeia do "crescimento e emprego". Discurso também muito conveniente para a chanceler Merkel, atendendo às eleições gerais do próximo ano. Aliás, o Governo alemão não hesitará em aumentar salários, pois a respectiva economia permitirá essa ousadia. Talvez o único país europeu a sentir-se confortável para o fazer. Os franceses, não tenham dúvidas, vão continuar a "apertar o cinto"...Agora se a Grécia sair do EURO, o que se torna cada vez mais uma possibilidade (ainda não é inevitável), será bastante difícil, mesmo para a Alemanha, continuar, a curto prazo, na mesma rota de prosperidade. Assim, quer franceses, quer alemães terão sérios problemas e a aparente paz no seio da "merkhollande" poderá implodir, expondo as diferenças franco-alemãs de conciliação difícil. Portugal nada ganhará com qualquer crise...Ao governo português interessa a maior estabilidade possível para poder não sofrer com os reflexos de uma crise europeia (terá repercussões para além da Europa) resultante da saída da Grécia da chamada "moeda única". Toda esta situação deixa transparecer como todos os dirigentes europeus dos anos 90 do século passado e do início deste milénio andaram ocupados com o supérfulo e esqueceram o essencial, que consiste no bem-estar dos povos que os elegem. As facturas da imprudência,  inépcia e trafulhices governativas continuarão a ser cobradas, como os portugueses estão a pagar de forma tão dura.

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