domingo, 6 de fevereiro de 2011

E nada será como antes? (sobre a crise no Egipto).

Creio que não. Não é previsível haver mudanças radicais. O exército egípcio continuará a arbitrar a situação. Entretanto, os diferentes grupos da "Irmandade Muçulmana" esperam e medem-se entre si. Poderá ser positivo para as restantes forças político-sociais, cujos líderes a maioria da opinião pública internacional ignora quem são. A resposta à crise actual no Egipto não passa por Washington; nem por Berlim/Bruxelas. Aliás, os americanos já falaram demais, como é habitual.O estilo pode ser diferente, mas a administração Obama mantém o posicionamento da equipa de George W. Bush. Este foi o primeiro Presidente americano a defender, de maneira clara e inequívoca, a criação de um Estado Palestiniano, a propagar, de forma sistemática, os valores democráticos para o Médio Oriente, a fazer recuar o radicalismo líbio e as ambições expansionistas sírias. Do Magrebe ao Golfo Pérsico: o crescimento demográfico é muito acentuado; a água e as terras férteis escassas; as rivalidades étnico-religiosas evidentes acompanhadas pelas inimizades entre os diferentes líderes nacionais, os quais se portam, variadas vezes, como chefes tribais medievais; e ainda, no seu conjunto, é o território do Globo que une três continentes (África, Europa e Ásia) e onde existem as as maiores explorações de petróleo. Neste contexto, a importância do Egipto é incontornável. Já o era nos tempos faraónicos e na época romana. Todavia, nesses passados longínquos as terras do delta do Nilo alimentavam a respectiva população e grande parte do Mediterrâneo. E hoje em dia? Talvez a solução da crise passe pelos estômagos egípcios...

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